The Merchant District

[Luke]

Poucos dias depois do encontro com o garoto Ron, Cassandra finalmente sentiu que estava pronta para seguir até o Merchant District. A rua principal, Caravan Way, estava ainda começando seu movimento, pois o dia havia começado há apenas algumas horas.

Em seu trajeto conseguiu ver trabalhadores comuns carregando cargas pesadas; viu lojas que estavam começando suas atividades, com seus empregados pendurando produtos na entrada para chamar a atenção de clientes; passou por uma loja que tinha uma impressionante variedade de armas e quando viu o emblema das duas cimitarras negras cruzadas entendeu que a loja pertencia a casa Stel, notória por seu militarismo.

Parou por fim quando achou o emblema que procurava. Uma placa de cerâmica com três libélulas brancas estava no topo da fachada de uma grande loja que possuía vários jarros em sua porta. Estava de frente para a instalação local da Casa Shom.

[Cassie]

Durante os dias que antecederam sua visita, Cassie procurou levantar, discretamente, informações sobre a casa Shom, a fim de compreender melhor com que tipo de gente estava lidando e, quem sabe talvez, tentar fazer algum sentido sobre a história do homem atrás do vidro.

Cassie makes a Streetwise Check

No dia da visita, acordou bem cedo e sentou à penteadeira para se arrumar. Aplicou um pouco de maquiagem para distorcer levemente seus traços e cobriu a cabeça, os cabelos e a parte inferior do rosto com um belo véu, à moda de Urik, que disfarçava a cor dos seus cabelos, verde-azulados. As vestes eram de bom gosto, mas simples e discretas. Assim pronta, tomou uma saída menos óbvia da casa e foi andando sem pressa em direção ao distrito dos mercadores. Passeou por algumas das casas comerciais, evitando apenas a Casa Stel. No caminho para Casa Shom, procurou observar guardas ou outros empregados que levassem algum sinal das libélulas brancas. Finalmente chegando, olhao discretamente seu interior para observar quem estaria dentro da loja, logo voltando um olhar atento à mercadoria exposta.

Cassie makes a Perception Check

[Luke]

Cassandra Rolls 15 (3) on Streetwise Check
(Connected Feat)
Cassandra Rolls 30 (18) on Streetwise Check

Cassandra procurou por respostas para suas perguntas sobre a Casa Shom e descobriu alguns fatos importantes. A casa era uma das mais antigas da região de Tyr, com uma história que remete a mais de mil anos. Sua origem é envolta de mistério e lendas, então poucas coisas ela conseguiu descobrir sobre isso, o fato comum no meio dessas histórias é que há oito séculos a Casa Shom era apenas uma pequena casa mercante, mas graças a um jovem mercador chamado Kys a Casa Shom começou a crescer em tamanho e influência.

O sucesso nos negócios da casa continuou por alguns séculos. Lucros no comércio de corda, grãos, água, obsidiana e metais preciosos trouxeram prosperidade para os descendentes de Kys. Infelizmente, isso também trouxe decadência e amor à luxúria. Atualmente, membros da família Shom passam menos tempo cuidando dos negócios da família, deixando assuntos mundanos para agentes de confiança. A família prefere se manter no conforto de suas mansões. Inevitavelmente, com o passar do tempo, tais agentes se tornaram cada vez menos confiáveis, percebendo que os seus mestres só se importavam que lucros aceitáveis continuassem entrando.

Nos dias atuais, a fortuna da família aumenta e seus mestres se tornam cada vez mais isolados, alguns dizem que os mestres da Casa Shom se tornaram quase tão importantes quanto os próprios Sorcery-Kings.

Hoje, poucos dizem já ter visto um membro da família Shom. Eles continuam em suas mansões e palácios, emergindo apenas em palanques cobertos por véus e cortinas apenas para observar as arenas ou para participar de importantes bailes feitos por nobres de Nibenay, onde a casa possui sua maior influência.

Cassandra Rolls 9 (7) on Perception Check

A jovem não notou muita coisa diferente enquanto passava pelo mercado. Quando finalmente chegou até o prédio, pôde então dar uma boa olhada no local. Era uma casa larga, mas de apenas um andar. Cassandra notou que dois becos ladeavam a casa e logo imaginou que os mesmos chegavam até os fundos da casa. Eram becos largos o suficiente para transportar mercadoria, mas não tão grande que pudesse dar passagem para uma carroça.

Olhou para dentro da loja e viu sua porta e janelas já abertas, onde dois homens ainda colocavam artigos para vender pendurados em ganchos na frente da loja e um terceiro vinha para fora carregando barris de cerâmica vazios.

[Cassie]

Antes de se aproximar da loja, Cassie deixou algo cair "acidentalmente" da sua bolsa, em frente a um dos becos laterais, criando uma oportunidade para olhar naquela direção e ver se havia alguém ou algo de interesse.

Cassie rolls a Perception Check

(como só soube desse beco depois, to escrevendo agora... mas supõe que foi antes dela se aproximar da loja msm)

[Luke]

No primeiro beco, a direita da entrada da loja, Cassandra viu alguns jarros quebrados em um canto e no fundo o beco fazia uma curva, seguindo para os fundos da loja. No momento ninguém estava passando por ali.

[Cassie]

Cassie pegou o objeto do chão e ficou dando alguns tapinhas distraídos para limpar a sujeira, ao mesmo tempo em que esperava os empregados darem as costas para ela. Assim que isso aconteceu, entrou no beco, procurando não parecer particulamente afobada. Começou a percorrê-lo, sem muita pressa e depois de uns poucos passos, parou e projetou seus sentidos à frente, na altura em que o beco fazia a curva.

Cassies uses Far Hearing

Escutou atentamente, procurando indícios de uma presença humanóide ou qualquer outra.

[Luke]

Cassandra Rolls 16 (14) on Stealth Check

Ao entrar no beco, os sentidos aguçados da jovem logo conseguiram ouvir o som de alguns passos se aproximando do ponto onde ela estava escutando nos fundos da loja. Quando ela se preparava para dar meia volta, ouviu o sonoro barulho de vários objetos caindo, pelo som ela podia dizer que era o de alguém jogando o lixo fora, e depois os passos foram se afastando até desaparecer.

[Cassie]

Cassie teve um sobressalto com o barulho do lixo sendo despejado no chão, mas logo se acalmou e voltou a percorrer o beco. Depois do susto começou a se perguntar por que afinal havia resolvido se meter ali. Seguiu em frente com o coração levemente acelerado, lembrando, por fim, que tinha pensado que talvez tivesse algo útil ou interessante aos seus planos em volta da casa.

Nem por isso deixou de arquitetar uma história convincente caso fosse pega em flagrante.

"Droga, não sou boa para esse tipo de coisa..." - pensava, com ambas as mãos fechadas sobre o peito.

[Sven]

- Amada hin - murmurou, meneando a cabeça negativamente, enquanto girava a estranha concha na mão esquerda. Guardou-a na pequena bolsa de couro e, com um movimento rápido de mãos a fez desaparecer no bolso interno de sua camisa. "Amada hin" era como Lesar costumava chamá-lo, quando fazia alguma estupidez. Significava algo como "criança tola", em élfico, e Locke já havia perdido as contas de quantas vezes ouviu a palavra voar da boca do elfo.

- Garoto - falou, endireitando-se no caixote de madeira e projetando a cabeça para frente, de modo a encarar o menino nos olhos - você tem idéia de que já deveria ter perdido a língua por duas vezes desde que tirou estas patinhas descalças da casa mercante? Seus amigos podem chamá-lo de Ron mãos-rápidas, mas eu o chamaria de Ron língua-rápida ou Ron morte-rápida. Ron vida-curta, Ron cabeça-de-vento, Ron o desmembrado... eu poderia passar o dia inventando nomes pra você que lhe cairiam muito melhor que o que te entitulam. - as palavras davam um ar de brincadeira aos comentários mas o olhar do Locke demonstrava uma seriedade tão intensa que qualquer um que olhasse naqueles olhos perceberia que não havia brincadeira em seu comentário. - Ron o idiota-sortudo também lhe cairia bem porque você, Ron, é um idiota, mas apesar de ser idiota, você tem sorte. Muita sorte. Daqui... - Locke encostou o dedo indicador na barriga do garoto e o deslizou até seu queixo - ...até aqui. Eles abririam você como a um Inix, só pra ter certeza de o quê você sabe. Essa garota, Cassie, Cassandra? Foi uma mãe pra você e eu não sei dizer se ela é uma pessoa muito boa ou muito estúpida pra te deixar sair por aí com essa língua solta e esse bilhete pra morte nas mãos!

Locke não conseguia entender porque uma mulher de nome, com propriedades na Noble District, se importaria com um bandidinho esfarrapado e muito menos como esta poderia ter deixado o garoto sair com um objeto daqueles. E pior: ainda deixar um rastro vivo pra debaixo do seu teto! "Essa tal de Cassandra Seymour, ou é uma mulher extraordinária, ou extremamente imbecil", pensou consigo, antes de voltar a atenção para o garoto. - Escute aqui, Ron, esta mulher que salvou sua pele pediu para você não falar mais dessa história, não pediu? - recomeçou Locke, sem dar tempo para o garoto sequer retrucar - E cá está você, sorrindo depois de contar tudo pra mim. Pois esta sua boquinha cheia de dentes pode estar cheia de vermes amanhã caso você não aprenda que, em Tyr, um bom tagarela é um tagarela morto. - Locke apertou a boca do menino e seu tom ficou mais baixo e mais ameaçador - Quando você tira algo de uma casa mercante, eles querem saber o que, e eles querem saber porquê. E você sabe o que a magia fez com nosso mundo, não sabe? Todo mundo ouviu as histórias, sejam elas falsas ou não. Logo, quando você sai por aí falando de homem que flutua, Mar Azul e outras loucuras do tipo, você pode atrair atenção. E tudo o que um bom caçador de recompensas não precisa é de chamar atenção. Atenção é ruim, atenção faz de você um homem morto. Sendo que, Ron, um homem com informação interessante nunca é morto. Ele é torturado. Eles cortam você, abrem você, queimam você, rasgam você até você cuspir tudo o que sabe. O problema é que eles não sabem até aonde você sabe, então mesmo que você diga tudo eles continuam cortando mesmo assim, até que você inventa qualquer coisa pra fazer eles pararem, mas a verdade é que eles só param quando você morre ou quando se enchem de você. E aí você morre também.

O caçador de recompensas pegou duas folhas de oleracea do caixote, mordeu um pedaço de uma e jogou a outra para o garoto, enquanto mastigava - Coma, não tem gosto de nada mas é nutritivo! - observou o garoto dar a primeira mordida e se inclinou novamente, retomando o tom baixo e sério de anteriormente - O que você vai fazer agora, Ron, é fechar essa sua boca e usar mais as suas mãos. Só pegue o necessário pra comer e ainda assim, das barracas menos favorecidas. Tente não chamar atenção nos próximos e dias e mantenha a boca fechada. Não vá pensando que existem mais pessoas como eu ou sua Cassie, que rogam pela vida de maltrapilhos burros e tagarelas como você. Você tem futuro, só precisa aprender a controlar esta língua! Então fique nas sombas e se mantenha vivo. Em uma ou duas semanas já se esqueceram de você e você poderá voltar com as atividades normais. Só não me apareça mais pela casa Shom! - Locke respirou fundo e fitou o chão sujo do depósito - Eu vou evitar que a aranha se enrole na própria teia.

O jovem deu dois tapinhas na cabeça do garoto antes de se levantar e caminou até a parede no outro canto, onde arrastou outro caixote e olhou pela passagem que levava ao local de despejo do lixo. O cheiro fez com que ele torcesse o nariz. Acenou para Ron com um gesto de mão e o garoto rapidamente atravessou a passagem, seguido por Locke, que puxou o caixote de volta, fechando a abertura. Em segundos os dois estavam ao lado de fora da pequena taverna e Locke apenas deu uma piscadela de olho para Ron enquanto tomavam caminhos opostos.

As informações do garoto Ron junto a alguns relatos de maltrapilhos, mendigos e habitantes de rua o levaram a casa Shom naquela manhã onde, pelas avenidas, sombras e multidões Locke procurou a mulher descrita pelo garoto e pelos andarilhos como sendo a tal "Cassie". Ao notar uma figura feminina, de boas vestes, andar delicado e cabeça envolta por um véu dobrar o beco lateral da loja pertencente a tal "Casa Shom", meneou a cabeça negativamente e, a passos leves, segiu a mulher dentro do beco. "Amada", falou consigo.

- Amadores, sempre combatendo a velhice - falou, fazendo referência a um dito popular que significava "morrer cedo". Sua voz era tranquila e não parecia ameaçadora. Segurou no braço da mulher e sussurrou ao seu ouvido - Você deve ser a tal de Cassie - terminou colocando um dedo sobre a boca, de modo a instruí-la a fazer silêncio. Tentou ouvir os arredores a fim de notar alguma presença e decidir rápido para onde ir. Ou tomar o caminho de volta para a rua ou dobrar mais a frente no beco. Aonde estavam não era um bom local.

Locke uses skill Stealth
Locke uses skill Perception

[Cassie]

Cassie se sobressaltou e quase soltou um grito, mas encontrou força em algum lugar pra morder o lábio e cobrir a boca com a mão antes de fazer algum som. Apesar do susto, concluiu que se o homem quisesse lhe fazer algum mal, pelo menos algum mal óbvio, já teria feito. Por isso, resolveu esperar e ver o que ele pretendia.

Cassie makes an Insight Check

[Luke]

Locke Rolls 25 (14) on Stealth Check
Locke Rolls 10 (5) on Perception Check
Cassie Rolls 16 (10) on Insight Check

O passo de Locke para dentro do beco foi silencioso e preciso e o ladrão estava ciente de que, naquele momento, suas ações não tinham atraído nenhum olhar. Ao observar o beco, notou que se avançasse por ele, sairia nos fundos da casa, já que o beco fazia uma curva para a direita alguns metros à frente e não fazia idéia do que podia encontrar lá. Para trás, a rua começava a ter certo movimento de todo tipo de pessoas.

Quando o susto inicial passou, Cassandra notou que o homem não parecia ter a intenção de lhe causar algum mal, o que a tranquilizou por um lado, mas que ainda assim fez com que ela ficasse em alerta por conta do lugar onde estavam.

[Cassie]

Enquanto esperava o homem agir, Cassie procurou analisar sua aparência e vestes, tentando identificar melhor que tipo de pessoa ele seria ou ao menos aparentava ser.

[Sven]

- Não é uma boa hora - sussurrou, antes de puxar a mulher pelo braço e para fora do beco e misturar-se aos pedestres. - Continue nesta direção até a barraca de peles - sussurrou novamente para a mulher e entrou por uma passagem estreita que levava a uma rua paralela a de onde estavam, passando pelas pessoas como areia fina passa através dos dedos. Quando a mulher passou pela barraca de peles a mão do homem segurou seu punho e a puxou para dentro de um beco que fazia uma curva a esquerda e terminava bem atrás de uma barraca de vegetais. Tomou ciência de que não havia ninguém por perto e de que também não havia sido seguido e passou o olhar pelos arredores antes de se virar para a mulher.

O homem não era alto e deveria ter pouco menos de 1,70m, com cabelos castanho-claros e olhos acinzentados. Sua pele era branca, mas possuia um tom bronzeado como a dos andarilhos, mercadores e batedores que passam muito tempo nos desertos. Não parecia passar dos 20 anos mas seu tom de voz e seu modo de olhar acrescentavam certa maturidade àquela jovialidade. Vestia calças largas e grossas, uma leve armadura de couro sobre a camisa e um casaco comprido e aberto, de mangas curtas. O cabelo era mantido preso por uma bandana preta e as orelhas portavam brincos de madeira escura esculpida em forma de argola. Usava botas de couro e luvas que protegiam a palma das mãos mas deixavam os dedos de fora e tinha o que parecia ser uma espada bem fina embainhada na cintura onde um pano negro estava amarrado.

- O que você pensa que está fazendo? - perguntou, torcendo o lábio num olhar de reprovação - você não gosta muito da sua vida, gosta? - o ladino paralizou por alguns segundos ao finalmente olhar a mulher nos olhos. Havia encontrado muitas garotas bonitas dentre as elfas da tribo nômade, em tavernas e nas caravanas de escravos que cruzavam o deserto, mas mulheres com um traço tão delicado não eram comuns de se ver. Por um instante lembrou-se da Areia Escarlate, esposa de Lesar, e seus traços finos de elfa com seus olhos e cabelos rubros que dançavam pelas dunas como se fosse o parte do próprio deserto.
Piscou os olhos duas vezes e sorriu quando percebeu que deveria estar fitando a mulher com um olhar embasbacado - Você é realmente muito bonita - falou abertamente, antes de retomar o ar sério - e muito idiota se pensa que pode sair por aí perguntando sobre a casa Shom sem levantar boatos. Mais idiota ainda por deixar um rastro levando diretamente pra debaixo do seu cobertor! - o ladino recostou-se na parede e cruzou os braços - Você tem idéia de que, dependendo de para quem eu trabalhasse, você e o garoto poderiam estar mortos? Olha, eu gosto do Ron, mas ele é um garotinho tagarela e eu espero que ele tenha engolido bem minhas palavras ou você ainda vai ter sérios problemas! - o homem estalou os dedos e olhou ao redor mais uma vez - E você, senhorita Cassandra Seymour, é quase tão estúpida quanto nosso pequeno Ron! Onde já se viu sair entrando numa casa mercante em plena luz do dia! Se você acha que todos os homens e guardas que encontrar vão se derreter por estes teus olhos arregalados está muito enganada! E não importa se você é nobre ou possui uma bolsa gorda, não quando se mexe com os mercadores errados. Além do mais, essa história toda não me cheira bem!

Locke descruzou os braços, espiou os arredores uma terceira vez e apoiou uma das mãos na cintura, numa postura relaxada - Nossa, eu falei como uma matraca! - brincou, antes voltar a fitá-la nos olhos - Além da parte em que você estava tentando se matar, será que eu posso saber o que diabos você estava tramando indo até a casa Shom?

Locke uses skill Perception
Locke uses skill Stealth
(Luke, eu coloquei só os testes básicos, caso precise de mais alguns sinta-se a vontade)

[Cassie]

Cassie se sentiu um pouco contrariada de ser tirada do controle da situação e supostamente ter que seguir ordens sem nem saber quem era aquele homem. Porém, considerando todas as coisas que ele poderia ter feito até agora, resolveu participar do que quer que fosse que estivesse acontecendo. Havia o potencial dele ser da Aliança também e isso era, de alguma forma, animador. Era sempre bom encontrar membros do grupo e se sentir parte de uma coisa maior. Dava mais sentido a tudo.

Ficou realmente surpresa, mas não assustada quando ele puxou seu braço na barraca mais à frente. Era uma surpresa boa, de admiração. Queria saber se mover assim.

Apesar do jovem não ser alto, Cassandra ainda era um pouco mais baixa que ele e o fitava com curiosidade contida, aguardando. Ouviu tudo o que ele tinha a dizer sem tecer nenhum tipo de comentário, apenas corando de leve quando ele mencionou que ela era bonita. Sabia que era, mas algo no jeito aberto como ele disse a deixou constrangida. Independente disso, permaneceu olhando-o com atenção e absorvendo suas palavras e gestos. Ao final do sermão, já estava sorrindo de leve sob o véu. Quando ele perguntou o que afinal ela estava tramando, finalmente disse alguma coisa:

- Por algum motivo, tudo isso me faz pensar que no fundo você é uma pessoa boa - disse calmamente, num tom de quem imagina. Falava um pouco baixo e sua voz era melodiosa. E parecia completamente indiferente a tudo o que ele havia dito até então. - Sim, talvez eu seja um pouco boba, mesmo - falou suavemente antes que ele respondesse, sorrindo com um ar pensativo. Não havia pessoas boas em Athas, não com o mundo daquele jeito. Esse era o básico do senso comum. Desviou os olhos para cima por alguns instantes, fugindo das lembranças incômodas e do olhar do jovem. Observou que o céu estava limpo entre os telhados das casas e o que o sol já havia subido consideravelmente a julgar pela claridade. Depois voltou a olhar diretamente para ele, num tom de quem muda de assunto - Afinal, por que você está se dando ao trabalho de me seguir? - indagou, parecendo meramente curiosa.

[Locke]

O ladino hesitou por alguns instantes após a resposta da mulher. A olhava com um ar de incredulidade, como se não acreditasse no que estava ouvindo e mesmo depois de ter sido questionado sobre seguí-la ainda demorou mais alguns segundos antes de conseguir falar.

- Por mil oasis, de onde foi que você surgiu? - respondeu, com um ar de espanto e um meneio negativo de cabeça - Eu poderia ser muitas coisas, você sabe, como por exemplo: eu posso já ter transformado o pequeno Ron em ração de halfling e estar aqui apenas para confirmar se a história que ele me contou bate com a sua versão. Posso pertencer a uma casa mercante rival, ter ouvido os boatos, torturado o garoto e estar aqui pelo mesmo motivo de comparar as histórias. Posso pertencer a pópria casa Shom e estar investigando se mais alguém, além de você e o garoto, sabem da história antes de cortar sua garganta. Sabe, as possibilidades são infinitas! - Locke abriu uma das mãos num gesto demonstrando grandeza. Parou por alguns instantes, coçou a cabeça num tom preocupado e olhou para o final do beco ao ouvir o barulho de caixotes sendo arrastados.

- Você sabe que não vai durar muito com um pensamento destes, não sabe? - o ladino havia voltado seus olhos para a mulher e havia um ar de preocupação escondido atrás do olhar firme - O que é uma pena.

- Respondendo a sua pergunta - o jovem cruzou novamente os braços - a senhorita é do Noble District, portanto, possui uma bolsa gorda. A senhorita está interessada em algo que outra pessoa possui e que está bem guardado. Eu sou bom em conseguir coisas de terceiros que estão bem guardadas. Sendo assim, acredito que nossos interesses se cruzam e que poderíamos fazer negócios - o homem separava cada sentença com uma pausa e um arquear de sobrancelha. Tentou não revelar que estava, de fato, preocupado com tanto com a segurança do garoto quanto da mulher nem seu interesse na história do homem flutuante.

- E então, o que me diz?

Locke uses skill Bluff

(Puta, continuei o diálogo com a Carol considerando que não tinha ninguem por perto. Caso não seja o caso ou você queira intervir com uma ação no meio, pode desconsiderar que eu refaço. Tkx!)

[Luke]

Locke Rolls 20 (15) on Perception Check
Locke Rolls 17 (6) on Stealth Check
Locke Rolls 23 (14) on Bluff Check (Superou o Passive Insight da Cassie, então passou o Bluff)

O ladino nota que escolheu um bom lugar para se esconder e está seguro de que seus movimentos até ali não foram notados.

[Cassie]

Cassie parecia se divertir com a exasperação dele.

- Até onde eu me lembro, em momento algum disse ser essa tal Cassandra, ou conhecer algum Ron, ou estar tentando invadir ou roubar a casa Shom. A única coisa que você realmente pode dizer sobre mim é que me encontrou no beco ao lado da casa e que eu te segui até aqui.

Percebendo que aparentemente seu único interesse era financeiro, a garota começou a se arrepender de tê-lo seguido.

- Na verdade - disse, ficando séria e recolhendo drasticamente a postura aberta de antes - até onde eu posso ver, concordar com a sua proposta seria basicamente confirmar metade disso tudo. E como você disse, as possibilidades são infinitas - imitou o gesto e a expressão que ele utilizou antes, numa zombaria sutil. A essa altura já havia imaginado que esse ladrão provavelmente era o homem que havia oferecido ajuda a Ron, que certamente não ouviu nada do que ela havia dito e contou tudo e mais um pouco para o desconhecido. Mesmo que ele realmente pudesse ajudá-la, se é que era possível "roubar" o homem atrás do vidro, nada garantia que era só isso mesmo que ele faria. Poderia vender a informação para qualquer um que se interessasse por ela e aí tudo estaria perdido. Mesmo que ele confirmasse depois que ela era de fato Cassandra, ainda havia formas de contornar os erros que ela havia cometido até então. Mas se aceitasse a oferta dele agora, o caminho provavelmente seria sem volta.

Estava se sentindo realmente estúpida por ter sido tão imprudente, mas procurou disfarçar a raiva e a frustração quando disse:

- De toda forma, obrigada pela oferta. Se me perguntarem se conheço um bom ladrão, certamente indicarei você, senhor... - estendeu a mão para ele, sugerindo que dissesse seu nome.

Cassie rolls a Bluff Check (pra disfarçar sentimentos acima)

[Luke]

Cassandra Rolls 18 (8) on Bluff Check

Cassandra consegue muito bem passar apenas aquilo que ela quer com suas ações.

[Locke]

O ladino bufou, torceu o nariz e pareceu ter ficado ofendido com quando a jovem usou o termo "ladrão" para referir-se a ele. O fato da mulher não apenas ter recusado sua oferta mas também ter deixado a tal concha em poder do garoto indicavam que a mesma não tinha más intenções. Locke havia tirado a concha de Ron para proteger o garoto linguarudo da morte certa, caso ele continuasse mostrando o objeto pra qualquer pessoa em que achasse que pudesse confiar. Qualquer outra pessoa teria tomado posse do objeto simplesmente por ele ser o que é, mas esta mulher fora diferente. Entretanto, o mundo era um lugar cruel onde a inocência não tinha vez. Precisava confirmar a história do garoto e tirar suas próprias conclusões.

Descruzou os braços, desencostou-se da parede e inclinou-se na direção da mulher com os olhos frizados, movendo a cabeça como se tivesse inspecionando-a, rosto e roupas.

Locke uses skill Perception
Locke uses skill Insight

- A encontrei num beco utilizado apenas por funcionários da casa, o que você certamente não é, pois não possui a insígnia nem está vestida como tal - falava num tom zombeteiro, mas não ofensivo ou desafiador - Bonita, cabelos ondulados e "de cor esquisita", olhos castanhos e "voz de cantora". É, acho que você se encaixa bem na descrição do garoto!

O ladino endireitou novamente a postura afastando-se da mulher e retomando sua posição anterior - A propósito, senhorita, "caçador de recompensas" seria o termo mais apropriado. Um "ladrão", a esta altura, estaria no Shadow District sorrindo enquanto conta as moedas de sua bolsa - o tom de voz era baixo, duro, frio e ameaçador, completamente diferente do usado pelo jovem até o momento, sendo levemente elevado apenas para frizar os termos "caçador de recompensas" e "ladrão" - Todos os seus pertences continuam intactos e em sua posse, caso queira conferir.

O ladino então pegou a mão que a jovem havia estendido, baixou a cabeça e a beijou de leve, curvando levemente o corpo numa reverência.

- Não tenho interesse em ser indicado como tal. A senhorita ouvirá meu nome numa outra ocasião - o tom de voz já não era tão incisivo quanto o anterior mas ainda era frio e direto - Se eu fosse a senhorita eu ficaria longe da casa Shom, e esqueceria de vez esta história maluca.

Locke uses skill Intimidate

O jovem então afastou-se da mulher e começou a caminhar em direção à rua por onde entraram - Ah, e o garoto tinha razão. Você deveria cantar! - sugeriu, antes de súbitamente, aumentar a velocidade e desaparecer pela esquina. O tom de voz havia voltado ao normal.

Tudo o que o ladino precisava fazer agora era esperar a noite cair e então retornar a Casa Shom enquanto Tyr dormia. Desta forma poderia confirmar a história do garoto e ver por si mesmo do que diabos toda aquela loucura se tratava. Pensou na mulher e em como havia sido grosseiro, mas sabia que este era o melhor modo de fazer com que ela ficasse longe do perigo. Tanto ela quanto o garoto. A história era demasiadamente estranha, porém intrigante demais pra simplesmente se ignorar. Sua vida no deserto o havia ensinado o valor da água, a mínima gota que fosse. Todos os dias, sangue é derramado na luta por águae os poucos Oasis existentes são protegidos com unhas e dentes. Qualquer sinal ou informação a respeito de água valia mais que qualquer ouro, qualquer metal, principalmente para o povo das areias, e a concha o havia intrigado. "Isso não pode cair nas mãos de uma casa mercante. Não pode", disse a si mesmo e procurou um lugar para descançar e esperar a noite cair.

(Move) Locke uses Fleeting Ghost and moves his speed
Locke uses skill Stealth

(Puta, o Locke agora vai esperar a noite cair e tentar invadir a casa Shom. Então quando a cena voltar pra ele pode descrever já com ele chegando no lugar onde a Cassie estava e já pode rolar os testes envolvidos [perception, stealth], blz?)

[Luke]

Locke Rolls 18 (13) Perception Check
Locke Rolls 6 (1) Insight Check *Failure*
Locke Rolls 14 (7) Intimidate Check *Failure*
Locke Rolls 17 (6) Stealth Check

Ao observar a jovem, Locke apenas consegue identificar seus bens, o modo com que se veste e sua reação ao ser inspecionada, mas o ladino não consegue interpretar as emoções da jovem.

Quanto a sua tentativa de intimida-la, isso só acaba por deixá-la um pouco zangada.

Felizmente, seus passos continuam rápidos e silenciosos como sempre e ele habilmente se mescla as pessoas que estavam passando pela rua sem ser notado.

(Normalmente eu não coloco mais se foi falha ou sucesso nos testes de perícias. Nesse caso ai eu coloquei porque são jogadas feitas contra alguma defesa ou contra outro teste)

[Cassie]

Cassandra cruzou os braços e ficou encarando-o enquanto ele a inspecionava. Estreitou os olhos, irritada.

Quis retrucar algumas vezes enquanto ele falava, mas estava nervosa demais para manter a compostura. Finalmente, depois que ele tentou assustá-la, deu um sorriso raivoso e disse:

- Já pensou que eu poderia ser uma moradora da casa, por exemplo? E se meu sobrenome for Shom? E se eu só te segui pela diversão? - pausou depois de atirar as três perguntas em sucessão. Não era do seu feitio ficar com a cabeça quente, mas o rapaz a sua frente tinha conseguido com maestria. - O que será que meu guardas achariam da idéia de um... não sei, "caçador de recompensas" - falou em tom de zombaria - se oferecendo para roubar a minha mansão?! - perguntou irritada, o efeito dramático se quebrando um pouco por procurar manter a voz num nível que não chegasse a ouvidos indesejáveis.

Não tentou enganá-lo abertamente, apenas quis lançar dúvidas no raciocínio dele. Por fim, acrescentou:

- Ainda bem que o senhor não é eu. E se por acaso você ouviu mesmo essa história maluca, como diz, porque diabos não foi vender essa informação para algum ganancioso qualquer ou alguém que lhe pague melhor do que eu poderia? Por que veio aqui tentar tirar alguma vantagem de mim? - perguntou, olhando-o de cima a baixo e parando em seus olhos, analisando suas reações. - Deve ter pensando que eu era alguma presa fácil, para ganhar algum dinheiro fácil - praticamente cuspiu as palavras nele. Se ele havia conversado com Ron e havia chegado até ela, com certeza ouvira a história. Provavelmente ouvira a concha. Aquilo era tão importante para ela, mas pra ele era só um negócio.

Cassie makes an Insight Check - para avaliar se ele tem algum tipo de reação às palavras dela - resultado 16 (10)

Respirou fundo e apertou os olhos com a mão.

"Não devia ter me descontrolado..." - já pensava, arrependida.

(Eu ignorei a ação dele de sair correndo... também ia postar mais, mas vou deixar o insight check acontecer primeiro pra poder decidir melhor o resto da ação)

(Testando rolagem de dados... o bônus a ser considerado é +6)

[Admin]

O membro 'Cassie' realizou a seguinte ação: Lançar dados

'D20' : 10

[Locke]

O ladino já se preparava para cair fora quando a mulher disparou suas perguntas, o que fez com que Locke parasse e desse meia volta. "Garotinha complicada essa", pensou consigo.

- Já pensou que se, por acaso, eu acreditar que você pertence a casa Shom, você acaba de morrer? - indagou Locke, arqueando uma sobrancelha e andando de volta, a passos leves, em direção a mulher - Será que seus guardas saberiam... hum... não sei, onde ao menos começar a procurar? Pelo que eu me lembre, nenhum deles nos viu entrar aqui... - o tom havia retomado a frieza de alguns minutos atrás e a mão do ladino havia escorregado para o punho de osso forrado em couro da espada que pendia em sua cintura - Sendo que, caso você pertencesse aos Shom acredito que os guardas que perseguiram Ron a teriam reconhecido e também não acho que você simplesmente apareceria na entrada da loja sem que nenhum funcionário a cumprimentasse ou reconhecesse. Também não entraria usando a porta dos fundos, estou errado?

Quando a mulher removeu a mão dos olhos, o ladino já estava bem a sua frente, tão próximo que ela podia sentir sua respiração e perceber que em seu cabelo haviam fios esbranquiçados, que se misturavam com os castanho-claros e que, com o lenço que os prendiam e cobriam ficava difícil distinguir qual era a cor natural e qual era parte do ornamento. A mão direita do ladino ainda estava no punho da espada enquanto a mão esquerda estava encostada na parede, ao lado da cabeça da jovem.

- Ainda bem que eu não sou você, ou estaríamos ambos mortos - o tom de voz era calmo e sereno e o homem estava praticamente sussurrando aos ouvidos da estranha - Você pode não ser uma presa tão fácil quanto achei que fosse, mas é tola. Tão tola que, mesmo depois me dizer o que disse, esconde os próprios olhos. Eu já disse que não quero seu dinheiro, ou sua bolsa já estaria comigo. Esta história do garoto envolve água. E água, minha cara, é algo bem maior do que dinheiro. Água não é uma coisa que se possa deixar na mão de mercadores, onde só pessoas com dinheiro, como você, terão acesso. Água é água e não pode ser trocada por dinheiro. É de Athas e Athas é do povo. Não é minha, não é sua, não é da casa Shom, não é dos Reis-Feiticeiros nem de seus malditos templários e eu vou tirá-la de vocês até a última gota. Aí eu quero ver como vocês, nobres, vão se sair quando não houver água para que suas moedas possam comprá-la. E quando suas bocas estiverem tão secas, tão secas que vocês tiverem que beber sangue e suor para sobreviverem, aí vocês saberão de fato o que é ser um Athasiano.

O ladino aproveitou para verficiar se havia algum cantil em posse da jovem e, em caso positivo, usou o momento para tentar pegá-lo sem que a mesma notasse. Recolheu a mão apoiada na parece e afastou um pouco o corpo, de modo a olhar novamente a mulher nos olhos - E então, Cassandra, Cassie, senhorita Shom... algo mais a acrescentar? - perguntou, franzindo o cenho, com a mão direita ainda no punho de osso do sabre, aguardando uma resposta.

Locke uses skill Thievery (se aplicável)

[Cassie]

(Nope, ela n ta carregando cantil)

As palavras dele doeram. Não porque fossem verdade. Não que já não soubesse. Mas porque traziam Leon à memória. Ele nunca falaria com ela daquela forma, porém sabia que em algum nível ele se sentira daquele jeito também.

- Água? - sussurrou de volta erguendo a sobrancelha. Sentia medo com a proximidade dele, mas controlou a voz e o corpo - É muito mais que água. É um mundo inteiro vivo, um mundo distante de toda essa devastação e miséria. É MUITO mais que água... - repetiu.

- Eu não quero essa água ou esse mundo para mim, não do jeito que você poderia pensar - falava normalmente agora - Há quem diga que os Shom se equiparam aos reis-feiticeiros em poder, o que você acha que vai acontecer se eles descobrirem um jeito de ir para esse mundo? Ou de explorar suas riquezas? O que você acha que os reis-feiticeiros farão se descobrirem outro mundo para explorar, devastar e destruir? - olhou em seus olhos e seu olhar tinha um apelo. - Não, isso não pode acontecer. Esse homem precisa ir embora. Mas antes eu queria, de todo meu coração, conversar com ele. Não sei explicar esse sentimento... - pôs a mão sobre o coração, relembrando as emoções que sentira quando ouviu a concha. Parecia subitamente frágil - Mas eu preciso conversar com alguém que veio de um mundo ainda vivo... de um mundo que não é o nosso - concluiu num murmúrio.

- Eu não sei o que você pretende ou pensa em fazer. Mas pelo menos me deixe fazer isso, me deixe conversar com ele. E me deixe descobrir o que eu posso fazer para mandá-lo de volta para nunca mais voltar.

Com alguns poucos gestos tirou o véu da cabeça e se mostrou verdadeiramente pela primeira vez.

- Por favor.

Cassie uses Words of Friendship (+5 p/ Diplomacy Rolls)
Cassie makes a Diplomacy Check - (+12 Skill + 5 = +17) - total 21

[Admin]

O membro 'Cassie' realizou a seguinte ação: Lançar dados

'D20' : 4

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